Acerca do diploma de jornalismo II



Por Derek Corrêa

Recentemente descobri algo que deixou-me encabulado do que falara anteriormente sobre o diploma de jornalismo – que eu defendia a queda e tudo o mais. O principal dessa descoberta era que recentemente existia um projeto para que jornalista com diploma tivesse garantido pela lei o saldo mínimo entorno de R$5.000,000 (que sempre esteve – ou estava – garantido pela constituição desde 1988). Com o fim da lei de imprensa, várias coisas mudaram para o jornalista, a maioria boa, porém, respectivamente caiu o diploma de jornalista. É engraçado pensando assim: logo em seguida de um marco que fazia com que o jornalista fosse julgado pelas leis civis e não mais pelas penais a queda do diploma faz com que esse ganho não represente mais regozijo nenhum ao jornalista; é a velha “alegria de pobre”.

Tirar o diploma para não ter que pagar algo que os jornalista lutaram muito e que glorificava, mesmo que infimamente, seu trabalho só para poder manipular ainda mais a informação decente no país não é legal, assim jornalismo não é espírito, assim é exploração. Faz sentido nessas horas pensar que todos os jornalistas engajados comemoraram essa queda, já que não mais precisariam se especializar. Faz-me pensar, essa quase teoria conspiratória, que tudo que falei anteriormente é risível à margem da realidade. Até parece que no Brasil alguém iria se vangloriar de ter que trabalhar duro – e, agora, ainda mais duro – só para no final falar que foi com mérito, que aqui o jornalismo é mais uma forma de exercício da liberdade de expressão. Uma ova! Se para isso eu tiver que mendigar por um prato de comida no final do mês eu quero meu diploma e a lei de volta. Se o Brasil ainda pensa que pode se comparar com países do primeiro mundo, e, assim imitando-os, tenho uma novidade: ele ainda não o é.

Isso tudo só faz lembrar-me de uma história verídica que aconteceu comigo e que desde então me aterroriza. Enquanto andava na rua, um homem de certa idade me parou – deveria ter entre quarenta e cinquenta anos de idade -, me contou a história da vida dele, dizendo – com animação até – que acabara de sair de uma entrevista numa emissora de tevê e que era jornalista e estava desempregado; porém, ele tinha gasto o único dinheiro que tinha para chegar até ali e me pedia, depois dessa história toda, se tinha como pagar a volta dele. Quando disse-lhe que fazia faculdade de jornalismo, mesmo que um pouco abalado pelo que tinha dito, ele olhou-me como quem dizia: “Boa sorte, amigo” e foi-se embora.


Links úteis:
Estadão
Folha Online
Rafael Galvão

1 comentários:

  1. Anônimo disse...

    RENATO CHAVES
    Vc sabe o melô do diploma de jornalismo?
    "Você não vale nada, mas eu gosto de você..."

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