Crônica: A semana em que não se teve notícias

Por Derek Corrêa

Outro dia eu tive um sonho, eu entrava num túnel vermelho e estreito e ao ir caminhando, em passos curtos, o túnel começou a rebentar ao meio, de um lado das saídas eu me via dormindo e do outro lado eu via uma cena campestre ocorrer...

Segunda-feira havia amanhecido diferente para aquele condado. Os pássaros ousavam cantar brandamente, gesticulavam demasiadamente. As pessoas acordavam ouvindo à sinfonia, logo todas se espreguiçavam juntas, louvando o dia, saudando o sol.

Começou bonito e foi melhorando. Tudo era mais tranquilo de se fazer, não havia o que se temer. As pessoas foram trabalhar felizes da vida. A vida era bela.

Estudava-se mais, amava-se mais, contemplava-se a vida. Não houve notícias ruins nas rádios locais. Todos sorriam.

As crianças brincavam alegres nas portas de casas sem seus pais se preocuparem. As pessoas sorriam e riam livremente.

Ninguém quis beber, se drogar, nem sequer fumar. Todos eram saudáveis e sorriam a isso. Todas as cores do mundo tinham contrastes fortes. Tudo estava mais vívido.

Os bebês não choravam. Ninguém chorava, pois não havia motivos para chorar naquele dia lindo.

Naquela noite choveu.

As ruas estavam cheias, todos cantavam e cumprimentavam-se. Todos se saudavam.

Foi assim até o final da semana. Tudo simples e modesto, sem falsidade. Tudo esbelto e perfeito, como a vida deveria ser predestinada a ser.

Todo dia trabalho normal, todo dia olhar para a esposa amada. Todo santo dia ver tudo belo.

Chegara ao ponto de não haver mais jornais e as rádios não falarem de mais nada, assunto sequer não necessitava-se comentar, não havia problemas a serem reclamados. Só tinha propagandas, e todos as ouviam. Viam suas tevês; as novelas sobre a vida perfeita.

Mal? Pra que mal?

Sábado de manhã um garoto chegava perto da vitrine de uma loja de conveniência. O mercador sorria elegantemente para ele, saudando-o. Ele retribuía o mesmo. Tirava da calça uma garrafa de vidro com um pano no bocal e tacava-lhe fogo.

Atirou contra o vidro da loja. Todos começaram a gritar horrorizados.

- Nós precisamos disso – ele dizia.

- Nós precisamos disso.

2 comentários:

  1. Daniel Vidal disse...

    Que fdp é esse garoto! rsrs

  2. Derek Corrêa disse...

    Tentativa desenfreada de voltar a escrever ><

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