Crise econômica ainda não chega às telonas

Apesar de inquietação mundial, cinema registra aumento de renda e público

por Rodrigo Melo

O abalo econômico que está derrubando as bolsas de países como Estados Unidos, além de toda a América Latina, Europa e Ásia, começa a preocupar também a Indústria Cinematográfica.

Um dos indícios dessa cautela foi evidenciado pelo festival “Viva América”, realizado na Espanha, com a finalidade de discutir fórmulas para evitar o estrangulamento das indústrias de cinema. Na contramão, produtores de Hollywood acham que a crise dificilmente afetaria a produção de filmes.

Algumas precauções, entretanto, começam a surgir. São novas possibilidades de financiamento, como é o caso do “Mercado europeu de cinema”. No evento são oferecidos mais de 700 longas-metragens, mostrando, com isso, que a crise não parece ser um grande obstráculo para os negócios. Isso, de acordo com a coordenadora do evento, ocorre porque as pessoas não vivem sem filmes.

Mesmo não sendo notório no evento, algumas modificações já podem ser percebidas. Nos Estados Unidos, por exemplo, não existem incentivos estatais para a produção de filmes. Os grandes estúdios dependem de empréstimos bancários e patrocinadores. Com esse momento turbulento, eles foram obrigados a buscar novas alternativas como o financiamento na Europa, onde há incentivos do Estado.




Apesar da crise, parte do filme "Os mercenários", escrito,

dirigido e estrelado por Sylvester Stallone está sendo filmado no Brasil

Uma outra saída para cortar custos das películas se encontra na escolha de locais mais baratos para filmagens. A América Latina pode ganhar com isso. Tudo se deve por causa da mão-de-obra barata dos países latinos. O Brasil é a nação que mais pode ganhar com essas medidas. Até porque o México seria o principal concorrente nessa disputa, uma vez que está mais próximo dos americanos. A gripe suína seria seu ponto negativo. Já os brasileiros têm como impedimento a associação da nação somente à praia, carnaval e futebol. Esses fatores podem, infelizmente, limitar os incentivos financeiros.

Essa turbulência que passa a economia mundial não pode, no entanto, ser constatada em relação ao público que vai às salas. Em janeiro desse ano, os ianques obtiveram uma elevação em relação à quantidade de ingressos vendidos. Foram 19% de bilhetes a mais que no mesmo mês de 2008. O aumento de US$ 0,11 no preço das entradas foi o que mais impulsionou o sucesso de arrecadação. Outro fator responsável foi o aumento de público em 2009: 16% a mais que no primeiro mês do ano anterior.

Filmes como a comédia Segurança de Shopping, ainda sem previsão de estréia no Brasil, as ações Busca Implacável e Velozes e Furiosos 4 estão entre os grandes sucessos do inverno estadunidense. Todos eles têm renda superior à US$ 140 milhões.

Já os brasileiros parecem não sofrerem com a crise. Desde dezembro de 2008, o mercado está em ascensão. A animação Madagascar 2, lançada em dezembro, fez público superior a 5 milhões de pessoas. Já o nacional Se eu fosse você 2 se consolidou como o filme mais visto da retomada do cinema nacional. O lucro já chega à R$ 50 milhões.

As temidas dificuldades econômicas parecem, portanto, não terem tomado conta do cinema, seguindo o bom ano que a economia tupiniquim viveu em 2008. E se economicamente Lula disse que a crise chegaria a ser apenas uma marolinha, nas telonas o mar está para peixe. E o mais calmo possível.

2 comentários:

  1. Daniel Vidal disse...

    Acho que de alguma forma a crise ainda não afetou certas atividades, principalmente as de lazer. Hoje, por exemplo estava lendo também sobre o investimento em alguns parques temáticos nos EUA. Não sei ao certo porque isso vem ocorrendo, mas acho estranho tantos investimentos num momento em que se precisa de cautela.

  2. Tati Souza disse...

    Vcs são o meu orgulho! Muito inteligentes e com temas super atuais...

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