Eleição presidencial vira vale tudo
por Rodrigo Melo
Com discursos fracos, candidatos ficam perdidos e apelam
A poucos dias da segunda etapa das eleições presidenciais, paira a dúvida de quem vai ser o novo governante do país, mas fica a certeza de uma campanha eleitoral decepcionante para a população. Os dois candidatos, que postulam a vaga deixada pelo caristimático Lula, apelam de todas as maneiras para a baixaria e discurso raso. Utilizam de religião, convenções sociais, acusações mútuas e jogam sujo para conseguirem, nem que seja, meia dúzia de votinhos. Com presidenciáveis do naipe de José Serra e Dilma Rousseff, Marina Silva, do Partido Verde, conseguiu se manter no centro das atenções mesmo após a terceira posição no primeiro turno. Será que isso demonstra a falta de força do tucano e da petista?
Todas as polêmicas que vêm marcando este segundo round da corrida presidencial podiam ser percebidas já no primeiro turno das eleições. Nos debates de televisão e web, o destaque sempre ficava para os candidatos coadjuvantes como Marina Silva e Plínio de Arruda. A primeira por sua contundência e resposta firme e o segundo por suas indagações irônicas e provocativas. O que marcou, entretanto, a trajetória de ambos foi a preocupação de entender e, principalmente, saber se comunicar com o povo. O uso da Internet, por exemplo, foi o ponto alto para os dois. Isso porque, souberam usar as mídias sociais em seu favor, com a intenção de interagir e não apenas jogar propostas e brincar de Twitter e Facebook. A troca com os internautas, praticamente, inexistiu na Campanha de Dilma e Serra.
Outro ponto que precisa ser levantado diz respeito às bandeiras levantadas pelos principais concorrentes. Enquanto Dilma se agarrava em Lula, pregava a continuidade e sem inovar, Serra estava mais perdido que cego em tiroteio. Seu desepero era tamanho que usava o atual presidente no horário político e propôs ser chamado de Zé para ficar mais parecido com a imagem de Luis Inácio. Depois disso, ninguém ficaria espantado se ele aparecesse com um dedo a menos no segundo turno; mas isso não aconteceu graças a Deus. Ainda na primeira etapa houve escândalos com a fillha do tucano, o caso Erenice e seu filho, entre outros, para dar um gostinho do que ainda estava por vir.
Com o fim do primeiro turno, Marina surpreendeu e fez todo o sucesso acompanhado por todos. Virou alvo de disputa dos dois primeiros colocados "somente" por causa de quase 20 milhões de votos. Com a neutralidade da candidata verde, sobraram socos e pontapés para todos os lados. De um lado era um tentando angariar votos com a Igreja Católica, Evangélica e, se possível, até mesmo no espiritismo após os sucessos cinematográficos com a temática em 2010.
O aborto e sua discriminalização também foi outro tema recorrente nas últimas semanas. Quem quer ser presidente deveria discutir projetos de educação, meio ambiente, saúde, segurança, entre outros, até porque essa questão não é "problema" deles, ao contrário do que muitos pensam. As situações bizarras também estiveram presentes nestas campanhas. Após Serra ser atingido por uma bobina de adesivos, Dilma foi atingida por balões de água. Enquanto o primeiro acusa o PT, a outra acusa os manifestantes da PSDB. Parece piada, mas não é.
Por essas e outras que ambos não mostram menor força ou competência para chegarem ao cargo político mais alto de uma nação. Se nem mesmo campanha eles sabem fazer, como serão capazes de governar um país por quatro anos? Como os cidadãos vão fazer no dia 31 de outubro? Votar nulo e se omitir? Escolher o menos pior? Estas são perguntas difíceis de responder, pois se nem mesmo eles, que pretendem chegar à presidência da República, sabem responder indagações, porque a população deve saber as respostas? Até o último dia do mês, muita água vai rolar neste rio, que está mais para Tietê. Espero que as surpresas sejam positivas, pois pior que está, com certeza, pode ficar.
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